Uma foz uma fala, uma dança para Gilberto Mendes. Ao completar 90 anos de vida, boa parte dedicada à carreira, o renomado maestro santista recebe em 2012 uma série de homenagens.Cidades da Baixada Santista e Vale do Ribeira foram sede espetáculos de dança contemporânea preparados especialmente para celebrar o trabalho do compositor. Tudo gratuito e de livre acesso ao público, as apresentações têm a intenção de democratizar a cultura.
Guarujá é a última Cidade do Litoral de São Paulo a receber a série de apresentações. O grupo estará a partir das 14 horas na Praça dos Expedicionários, no Centro de Cidade. O local fica nas proximidades das Avenidas Marechal Deodoro da Fonseca e a Avenida Puglisi.
“Sempre desejei que dançassem a minha música”, disse, emocionado, Gilberto Mendes aos sete jovens bailarinos que compõe o grupo Athos – Núcleo Artístico durante um encontro realizado em Santos. “Foi uma surpresa. Não imaginava que a essa altura poderia acontecer isso. Estou muito agradecido”, completou. As apresentações ocorrem com o objetivo de causar o estranhamento, sair do tradicional e inserir a concepção da dança nas ruas da região.
A bailarina Míriam Carbonaro é quem assina a direção do espetáculo. “Ficamos muito contentes com a aceitação e, principalmente, a aprovação do maestro. Queremos que todos possam ter acesso à qualidade de música que ele compõe e compôs”, explica. “Desta vez, é claro, por meio da dança”. A coreografia foi preparada por Alexandre Almeida, que mesmo com poucos anos de carreira, acumula prêmios dentro e fora do Brasil. A produção é do produtor cultural Junior Brassalotti.
Saiba mais
O projeto segue o trabalho de pesquisa do corpo santista na dança, produzido em outros espetáculos realizados pela Companhia, que desde 2002 atua na região. A prioridade é desenvolver as apresentações por meio do movimento inusitado e de interação com a plateia, sempre vista como um membro ativo da encenação, tornando-se um cocriador.
A ideia de homenagear Gilberto Mendes surgiu de uma provocação feita pelo também maestro Julio Medaglia que, em uma conversa informal, disse um dia que o tipo de música composta pelos dois não fazia “sucesso”, pois era “muito impopular”. Desta forma, propositalmente, a direção optou pela obra do compositor santista que em 1963 assina, ao lado de amigos, oManifesto Música Nova, iniciando a vida pública com composições não tão bem compreendidas pela maioria dos ouvintes.
Gilberto Mendes
É um dos pioneiros da música experimental aleatória e do teatro musical no Brasil. Gilberto Ambrósio Garcia Mendes nasce em Santos e adota, no início da carreira, o nacionalismo musical, utilizando o folclore como base para o trabalho de composição. Mais tarde se dedica apenas à pesquisa musical de vanguarda. Viaja nos anos 50 para a Alemanha, onde estuda composição. Tem aulas com Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen.
De volta ao Brasil, realiza o Festival Música Nova. Em 1980 passa a ser professor do departamento de música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Entre suas peças se destacam Nasce-Morre, música aleatória feita com texto de poesia concreta de Haroldo de Campos, Beba Coca-Cola, música para coral com texto de poesia concreta de Décio Pignatari, e Ulisses em Copacabana.
Realização
A direção geral é assinada por Míriam Carbonaro, a produção por Junior Brassalotti, a coreografia por Alexandre Almeida.
Esse espetáculo é uma realização do ATHOS – Núcleo Artístico. Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Programa de Ação Cultural 2011, Prefeitura Municipal de Santos, Secretaria Municipal de Cultura, Facult – Programa de Ação Cultural 2010.
Tem apoio Cultural de Santos e Região Convention & Visitors Bureau, Associação Cultural Olhar Caiçara e Unichen.